terça-feira, 5 de janeiro de 2010

De frente com Hipopótamos

Ótimos nadadores, gigantes ficam até 6 minutos debaixo d’água.

Vidas secas, e natureza que transborda. No território vizinho, sobrevoamos o pantanal africano. Fica em Botsuana, o país dos diamantes mais caros do mundo. No local, a jóia rara atende pelo nome de Okavango, o maior delta interior do planeta formado por água da chuva, fonte de sobrevivência para as multidões selvagens.
Orelhas e olhos atentos: hipopótamos são os senhoras das águas No pico da cheia, as áreas alagadas atingem o tamanho de um país como a Bélgica. As águas vêm das regiões mais altas de Angola, viajam mais de mil quilômetros ao atravessar Namíbia e Botsuana. No Deserto do Kalahari, somem nas areias pela evaporação.
A região é preservada porque o progresso não chega. Na área alagada, a profundidade é pequena, e o acesso de barco fica difícil. Por isso, nós usamos canoas chamadas "mokoros". Eram o meio de transporte usado pelos antigos povos da região. Partimos para uma área de acampamento para ficar dois dias totalmente isolados. Dali para frente tudo seria primitivo.
As canoas de madeira desbravam o mato alto, com cuidado para não incomodar os seres minúsculos. Em uma área ilhada, erguermos as tendas. Com a falta de bases para a nossa barraca, contamos com o improviso.
A mais ou menos 20 metros de distância do nosso acampamento selvagem no Delta do Okavango estava nossa vizinhança, uma turma da pesada. Os elefantes estavam mais preocupados com o almoço. E para eles, no delta, os territórios alagados não são obstáculo. Já os seres humanos teriam problemas com as bocas famintas dos crocodilos da região, que têm em média quatro metros de comprimento.
Com cara de poucos amigos também estavam os búfalos. Animais fortes, quando estão em grupo, espantam até os leões.
As canoas entram em uma região perigosa: a do animal que mais mata seres humanos na África. Somos guiados pelo som do bicho. Em uma área mais aberta, surgem orelhas e olhos atentos. É um grupo de hipopótamos: machos, fêmeas e filhotes. Por segurança, ficamos a mais de 30 metros desses animais.
O primo de Brandon foi morto pelo bicho no ano passado. O hipopótamo derrubou o barco, e o pior aconteceu. As estimativas são de 400 mortes por ano. Apesar do perigo, conseguimos chegar bem perto de um grupo.


No Parque Nacional Chobe, esses animais extremamente territorialistas permitem aproximação. Alguns se mostram por inteiro. Normalmente, os hipopótamos só saem da água à noite, para se alimentar de pasto. Ótimos nadadores, ficam até 6 minutos debaixo d’água. Para os gigantes de três toneladas, às vezes o espaço fica pequeno demais. Por isso, são os senhores das águas.

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