Confira receita de guisado de tartaruga.
No Amazonas, uma das carnes mais apreciadas e consumidas é a de tartaruga. Mas, para não colocar a espécie em risco, só é permitido consumir o animal de criatórios autorizados.
Comer quelônio sempre fez parte do cotidiano do amazonense. Os animais eram vendidos em feiras e mercados como são vendidos os peixes. A demanda, no entanto, era tão intensa, que em 1967 a comercialização desses animais foi proibida.
Para atender a demanda de consumo, existem atualmente 119 criatórios de quelônio registrados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 85 só no estado do Amazonas.
Alguns projetos de preservação também ajudam a sobrevivência dos quelônios na natureza. Desde 1999, o projeto "Pé de Pincha" forma agentes ambientais para proteger as praias e os ninhos. Ao todo, 88 comunidades ribeirinhas de oito municípios participam das atividades. Mais de 900 mil filhotes já foram devolvidos à natureza.
Preservação
No "Pé de Pincha", quando se inicia o período seco na Amazônia e a água dos rios começa a baixar, o morador da praia se coloca em estado de atenção para localizar ninhos.
Depois, agentes ambientais cavam os ninhos marcados até chegar aos ovos. Eles forram uma caixa de isopor com areia para os ovos não rolarem, e iniciam a transferência e a contagem.
No fim da tarde, com o sol mais ameno, a equipe reimplanta os ovos coletados na chocadeira. O objetivo é proteger os ovos da ação dos predadores. Nessa chocadeira, os agentes ambientais tentam reproduzir o tamanho e as condições do ninho original.
Quando os ovos começam a eclodir, 60 dias após a postura, os filhotes são levados para outro local: o berçário, um tanque protegido. Lá, eles são tratados por mais dois meses e só então voltam para a natureza, para as mesmas praias onde os ovos foram coletados.
Receita
Uma tartaruga de 12 kg rende em média 4 kg de carne. O abate fica por conta de restaurantes e consumidores que pagam pelo quilo vivo.
Existem muitas formas de se preparar a carne da tartaruga. A chefe de cozinha Maria do Céu Athayde, ensina o tradicional guisado de tartaruga.
“Eu lido com carne de tartaruga desde que eu era muito pequena. Costumava ir ao mercado com meu pai. Era um ritual, meu pai matava e minha mãe preparava. Da tartaruga só não dá para comer o casco, mas dá para fazer uma farofa muito gostosa dentro dele, que acompanha as outras preparações”, diz.
Ingredientes
- 1 kg de batata
- 2 cebolas picadas
- 2 tomates picados
- 3 dentes de alho amassados
- 2 colheres de sopa de manteiga
- 1 maço de cheiro verde, coentro e cebolinha picados
- 5 folhas de alfavaca
- azeite
- pimenta-do-reino
- sal a gosto
Dentro do próprio casco, Maria do Céu coloca, além da carne, a pimenta do reino, metade do coentro, da cebolinha, do tomate e da cebola, um pouco de sal e o alho.
A carne deve ficar descansando no tempero por pelo menos 10 minutos. Passado esse tempo, ela vai para a panela, com azeite e manteiga. Dona Maria do Céu refoga os pedaços de carne.
Depois de passar a carne na manteiga e no azeite, a chefe coloca os temperos que ficaram no casco. Sobre o refogado, a chefe coloca água fervendo.
Maria do Céu baixa o fogo e tampa a panela. A carne vai cozinhar por cerca de 20 minutos. Quando a carne estiver macia e douradinha, ela acrescenta a outra metade do tomate, da cebolinha e do coentro e mexe.
As batatas são acrescentadas quando a carne já está quase cozida.
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